Incertezas ...
Como é invulgarmente comum, estamos na fase final do Campeonato de Ralis da Madeira (CRM) e nesta fase questiona-se se existirá ou não a última prova – Rali de Porto Santo. Paradoxalmente, no início do ano, levar a cabo um campeonato com oito provas era viável para os Organizadores e aparentemente, somente as equipas quando foram auscultadas pelo então Diretor FPAK para a Madeira, é que diziam que o campeonato era demasiado extenso e inviável.
Pelo que agora é publicado num artigo do Diário de Notícias da Madeira de hoje, estarão a alegadamente projetar, uma vez mais responsabilidades às equipas concorrentes, pela eventual não concretização da prova. Ou seja, todos os efetivos intervenientes na equação da definição do calendário de provas e suas datas, comprometeram-se a tal concretização mas chegado a esta fase e sem que exista consulta efetiva dos pilotos, isto é, inscrições abertas para a referida prova, alegam responsabilidades às equipas.
Questiono o que são as ditas “manifestações” de não participação de equipas, pois por entre largos números de concorrentes do CRM com os quais privo, ninguém contactou equipas para aferir da participação na referida prova. Existirá algum outro meio, regulamentar para inferir que não existirá participantes, sem ser a existência de inscrições abertas para o efeito?
Em suma, os únicos interessados, que sublinho, não tiveram qualquer intervenção no processo decisório deste calendário, é que serão responsáveis pela não concretização da prova, sem que sejam efetivamente escrutinadas as necessárias inscrições?!
Por outro lado, existe uma outra alegação, infundada, de que as “contas” do CRM estarão “arrumadas”. Será que de forma séria, concreta, alguém com responsabilidades, aferiu efetivamente que títulos e disputas encontram-se em aberto?
Deixo aqui o meu exercício de aferição das contas e disputas em curso, à entrada da 7ª prova pontuável – o Rali do Marítimo Machico 2017, se cumprido o calendário homologado, isto é, sendo disputada a 8ª prova – o Rali de Porto Santo. Nomeadamente:
- 1. Absoluto
- a. Geral
i. Pilotos: Campeonato em aberto até Porto Santo, por entre Alexandre Camacho e Rui Pinto. Rui Pinto tem ainda possibilidade de chegar à vitória no campeonato de ralis, podendo perder até três Pec’s no Rali de Machico/Marítimo e ir a Porto Santo ainda com hipótese de vencer, se Alexandre Camacho não pontuar na prova de Machico. Este cenário, confirmando-se a não presença de João Silva e de Gil Freitas nas últimas provas, e a manutenção da suspensão disciplinar de Filipe Pires. Ocorrendo este cenário poderá chegar ainda ao pódio final Vasco Silva;
ii. Navegadores. Título já entregue a Pedro Calado. Nos restantes lugares do pódio, considerando as premissas referidas anteriormente para os habituais pilotos, existirão muitas lutas que podem ocorrer para estes lugares, por entre: Rui Rodrigues, Jorge Henriques, Vasco Mendonça, Duarte Miranda, Ricardo Ventura e Paulo Fiuza.
- b. Feminino – Absoluto
i. Pilotos. Título já atribuído a Isabel Ramos.
ii. Navegadores. Título já atribuído a Rubina Gonçalves.
- c. RC2N
i. Pilotos. Vasco Silva, poderá até Porto Santo chegar à liderança, face ao facto do seu direto adversário estar suspenso com processo disciplinar – Filipe Pires, e vencer esta competição. Salientar que não existe nenhum outro concorrente inscrito no CRM que esteja a competir neste grupo.
ii. Navegadores. Idêntica situação à dos pilotos.
- d. RC2
i. Pilotos. Título já atribuído a Alexandre Camacho, sendo que os demais lugares do pódio, aparentemente também estejam já entregues, a se confirmarem que João Silva e Gil Freitas não competem mais esta época no grupo;
ii. Navegadores. Título já atribuído a Pedro Calado, sendo que os demais lugares do pódio, aparentemente também estejam já entregues, a se confirmarem que Rui Rodrigues e Duarte Miranda não competem mais esta época no grupo;
- e. RC3
i. Pilotos. Isabel Ramos lidera, contudo no seu encalço e com hipóteses de ultrapassarem a pluricampeã feminina até à prova em Porto Santo estão Pedro Paixão e Dinarte Baptista;
ii. Navegadores. Rubina Gonçalves é já a vencedora da competição, sendo que os demais lugares no pódio até Porto Santo, tem cinco navegadores em disputa;
- f. RC4
i. Pilotos. Título em aberto até Porto Santo, por entre Ricardo Gonçalves e Roberto Canha. O terceiro posto está igualmente em aberto por entre Alexandre Mata e Nélio Pereira, ainda que penda claramente para o primeiro.
ii. Navegadores. Título em aberto até Porto Santo, por entre Artur França e Mauro Sousa. O terceiro posto está igualmente em aberto por entre Bruno Rodrigues e Nicodemo Câmara, ainda que penda claramente para o primeiro.
- g. RC5
i. Pilotos. Título por atribuir, ainda que clara a vantagem para Vitor Ferro. Existem cinco pilotos que disputam o pódio, encabeçando essa disputa o Narciso Andrade, Edgar Sousa, Ilídio Sardinha e Pedro Ferreira.
ii. Navegadores. Clara vantagem para Carlos Ferro, contudo o título está ainda por atribuir, existindo neste caso mais três navegadores que disputam o pódio, Rubina Mendonça, Alexis Freitas e Énio Andrade.
- h. RGT
i. Pilotos. Face à participação unicamente em duas provas de Paulo Mendes e Filipe Freitas, unicamente se pontuarem em mais alguma prova neste grupo é que poderão integrar as classificações finais.
ii. Navegadores. Face à participação unicamente em duas provas de Roberto Figueira e Daniel Figueiroa, unicamente se pontuarem em mais alguma prova neste grupo é que poderão integrar as classificações finais.
- i. Clássicos.
i. Pilotos. Título já atribuído a João Martins.
ii. Navegadores. Título já atribuído a Sérgio Bettencourt.
- j. VSH - Absoluto.
i. Pilotos. Título já atribuído a Rui Pinto, contudo os restantes lugares do pódio estão por entregar, por entre Carlos Silva, António Abel e Paulo Nunes.
ii. Navegadores. Título por atribuir, estando todos os lugares do pódio por definir, existindo cinco navegadores a disputá-lo, nomeadamente: Jorge Henriques, Vitor Henriques, Nuno Ferreira, Paulo Fiuza e João Nunes.
- 2. Troféus da Madeira de Ralis
- a. Eng. Rafael Costa
i. Pilotos. Título em disputa por Ricardo Gonçalves e Roberto Canha. Ultimo lugar do pódio tem cinco pilotos a disputá-lo, nomeadamente: Vitor Ferro, Narciso Andrade, Edgar Sousa, Alexandre Mata e Ilídio Sardinha.
ii. Navegadores. Título em disputa por Artur França e Mauro Sousa. Ultimo lugar do pódio tem cinco navegadores a disputá-lo, nomeadamente: Carlos Ferro, Rubina Mendonça, Alexis Freitas, Bruno Rodrigues e Énio Andrade.
- b. VSH 2RM até1.400cc
i. Pilotos. Título já atribuído a Carlos Silva.
ii. Navegadores. Título já atribuído a Vitor Henriques.
- c. VSH 2RM mais de 1.400cc
i. Pilotos. Título já atribuído a Paulo Nunes. Contudo os restantes lugares do pódio estão por entregar, por entre José Gouveia e Pedro Faria.
ii. Navegadores. Título já atribuído a João Nunes. Contudo os restantes lugares do pódio estão por entregar, por entre Sandro Fernandes e Nuno Rodrigues.
- d. VSH 4RM
i. Pilotos. Título já atribuído a Rui Pinto, segundo lugar para António Abel. O último lugar do pódio pode ser ainda disputado por Rui Jorge Fernandes e Miguel Nunes, se voltarem a competir.
ii. Navegadores. Título por atribuir, existindo três navegadores em condições de disputar o lugar mais alto, nomeadamente: Jorge Henriques, Nuno Ferreira e Paulo Fiuza. Para o lugar mais baixo do pódio, podem ainda disputa-lo João Pedro Freitas e João Paulo Fernandes.
- e. Iniciação
i. Pilotos. Título por atribuir por entre dois pilotos, Edgar Sousa e Pedro Ferreira. Podendo o segundo lugar ser ainda disputado por Nélio Pereira.
ii. Navegadores. Título por atribuir, estando a disputa por entre três navegadores: Alexis Freitas, Nicodemo Câmara e Luís Gouveia. Ainda que penda claramente para Alexis Freitas a atribuição do título.
Propositadamente deixei a amarelo todas as disputas em aberto, sendo as identificadas a verde, as já atribuídas. Ou seja, existem muito mais contas em aberto, que contas “arrumadas”.
Claro está, existirão interesses antagónicos por entre diversos concorrentes e limitações por entre outros tantos em participar na 8a prova.
Impõe-se pois questionar, se é legítimo que uma prova seja ou não levada a cabo, ficando desportivamente diversos resultados do CRM, dependentes de uma decisão desta natureza? Recordo que não existe número mínimo de participantes definidos no regulamento do CRM (Art. 8.1), ainda que nas Prescrições Gerais de Automobilismo e Karting, esteja definido um número mínimo de dez inscritos (Art. 9.11).
Como concorrente e diretamente interessado no CRM, não posso aceitar que os elementos decisores deste modelo de competição, não sejam responsáveis e responsabilizados pelas suas decisões. Têm que assumir os seus compromissos e levar a cabo o modelo que os próprios definiram. Não o fazerem, é o descrédito total e uma enorme ausência de verdade desportiva.
Nós, concorrentes, fazemos investimentos tão ou mais elevados que as organizações (entidades desportivas com utilidade pública desportiva), conjuntamente com marcas/empresas e com grandes investimentos pessoais, e isso não obsta a que sejamos consequentes com os nossos compromissos e objetivos que assumimos, ambicionamos e lutamos. Assumam os Vossos compromissos, sob pena de não o fazendo, se assumirem como decisores desportivos de secretaria de uma época desportiva.
Aproveito, para uma vez mais reafirmar, o modelo competitivo definido para o CRM não é exequível nos moldes que vêm sendo defendidos, pois o mesmo não garante competitividade e com isso, todos perdem valor. É pois, demasiado extenso e oneroso para a esmagadora maioria, senão todos os concorrentes. Acrescentar a um calendário sobredimensionado e oneroso para a nossa realidade sócio-desportiva, a seletividade dos resultados e não a competição em todas as provas, é desvirtuar ainda mais a competitividade, promovendo a autofagia por entre organizações e a disputa das “melhores datas e posições” no calendário do CRM.
“…o conformismo é carcereiro da liberdade e o inimigo do crescimento…”
John F. Kennedy
Sim, serei eternamente inconformado!
Funchal, 12 de outubro de 2017
Ricardo Gonçalves
Licenciado FPAK n.º 18.153